Cómo voy a creer / dijo el fulano
que el mundo se quedó sin utopías
cómo voy a creer / dijo el fulano
que el universo es una ruina
aunque lo sea
o que la muerte es el silencio
aunque lo sea
cómo voy a creer
que el horizonte es la frontera
que el mar es nadie
que la noche es nada
cómo voy a creer / dijo el fulano
que tu cuerpo / mengana
no es algo más de lo que palpo
o que tu amor
ese remoto amor que me destinas
no es el desnudo de tus ojos
la parsimonia de tus manos
cómo voy a creer / mengana austral
que sos tan sólo lo que miro
acaricio o penetro
cómo voy a creer / dijo el fulano
que la utopía ya no existe
si vos / mengana dulce
osada / eterna
si vos / sos mi utopía.
Como vou crer / disse o fulano / que o mundo ficou sem utopias // como vou crer / disse o fulano / que o universo é uma ruína / ainda que o seja / ou que a morte é o silencio /
ainda que o seja // como vou crer / que o horizonte é a fronteira / que o mar é ninguém / que a noite é nada // como vou crer / disse o fulano / que teu corpo / sicrana / não é algo mais do que apalpo / ou que teu amor // esse remoto amor que me destinas / não é o despir-se de teus olhos / a moderação de tuas mãos // como vou crer / sicrana austral / que és tão somente o que vejo / acaricio ou penetro / como vou crer / disse o fulano / que a utopia já não existe / se tu / sicrana doce / ousada/ eterna / se tu / és minha utopia
Extraído do sítio Banco da Poesia
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