José Saramago, prêmio Nobel de literatura de 1998, em Madri, 03/03/09. Carlos Alvarez/Getty Images |
“Claraboia”, romance escrito pelo Nobel de Literatura José Saramago nos anos 1950, acaba de ser publicado na Espanha, quase dois anos após sua morte. Ele se recusava a editar em vida o romance, cujo manuscrito foi enviado a uma editora portuguesa, que menosprezou o material e só deu uma resposta 40 anos depois, quando Saramago já era um autor consagrado. A versão em português foi lançada no ano passado.
"Ele o chamava de livro perdido e encontrado no tempo", comentou a viúva Pilar del Río, durante o lançamento, na Casa da América, em Madri. São duas histórias em uma, segundo uma crítica do jornal português “O Público”: a de um jovem escritor que se tornaria um Prêmio Nobel e a do cotidiano dos moradores de um prédio “que se cruzam sob o clima de um Portugal austero e subjugado pelos costumes”.
Saramago entregou o manuscrito, através de um amigo, a uma editora portuguesa, em 1953, e ficou sem resposta até 1989, quando a editora entrou em contato, dizendo que o material havia sido encontrado durante uma mudança das instalações e que seria uma honra publicá-lo. O autor de "Ensaio sobre a cegueira" rejeitou a oferta, recuperou o manuscrito negando-se a deixar que fosse editado enquanto vivesse. “Ele sofreu muito com esse desprezo", disse Pilar del Río, recordando que, depois disso, o autor levaria 20 anos para voltar a escrever um romance.
"É um romance de transgressão", disse Pilar del Río, acreditando que a editora portuguesa não se atreveu a editá-lo porque teria considerado a obra ousada demais. "É um livro no qual a família, que é o pilar da sociedade, se apresenta como um ninho de víboras, com violações, lesbianismo, maus-tratos numa austera sociedade portuguesa dos anos 50", acrescentou a viúva.
Extraído do sítio da RFI - Rádio França Internacional
Extraído do sítio da RFI - Rádio França Internacional
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