Abaixo, uma matéria da revista especializada em educação Language Magazine, sobre os planos do governo do Brasil em divulgar internacionalmente a literatura do país e em levar autores e romancistas brasileiros em ações publicitárias no estrangeiro.
A matéria cita ainda a maior disponibilidade de leitura de livros digitais em Língua Portuguesa e a publicação de uma edição especial da revista Granta sobre os novos romancistas da literatura brasileira.
A literatura brasileira torna-se global - Kristal Bivona, da revista Language Magazine (Califórnia, EUA) - 18 de janeiro de 2013
O governo brasileiro pretende investir nos próximos oito anos em um programa de divulgação da literatura do Brasil no estrangeiro.
A literatura brasileira tem sido um segredo bem guardado do resto do mundo por décadas. Enquanto os países de língua espanhola da América Latina têm exportado a sua produção literária desde a sua grande expansão no século XX, comparativamente poucos autores brasileiros alcançaram um público internacional. Para o horror dos especialistas brasileiros em literatura, muitos leitores internacionais conseguem dizer o nome de apenas um escritor brasileiro: Paulo Coelho. No entanto, os investimentos privados e governamentais no setor estão tentando mudar isso a fim de promover a literatura brasileira no estrangeiro.
O governo brasileiro está a contribuir com mais de 71 milhões de reais (ou mais de 26 milhões de euros) para investir em um programa ao longo dos próximos oito anos e que pretende introduzir a literatura brasileira nos mercados internacionais, financiando traduções para outras línguas e dando subsídios a editoras fora do Brasil para promover as publicações brasileiras traduzidas e em outros países lusófonos, além de subsídios de viagem para enviar autores brasileiros a turnês publicitárias pelo mundo. Enquanto isso, as editoras, os autores e os tradutores brasileiros estão a se preparar para a Feira do Livro de Frankfurt (ou Francoforte) de 2013, em que o Brasil será o Convidado de Honra. As empresas internacionais também estão a olhar para o Brasil como um mercado inexplorado no setor editorial digital.
A revista Granta publicou edição especial sobre o melhor dos novos romancistas do Brasil.
O anúncio feito no mês passado de que o “leviatã” do comércio eletrónico – a Amazon – fechou negócios com algumas das maiores editoras do Brasil, incluindo a Globo, a Objetivo e, mais recentemente, a Companhia das Letras, é mais uma evidência de que a indústria cultural do Brasil esparrama-se para o resto do mundo. Com a nova loja virtual brasileira do Kindle Store, leitores de toda parte têm acesso à literatura brasileira em formato digital. Além disso, a Amazon está a oferecer aplicativos de leitura em Língua Portuguesa para os sistemas Google Android e Apple iOS e para máquinas Mac e PCs.
“Com a colaboração da [editora britânica] Penguin, [...] procuramos fazer experiências com novos formatos e tornar nosso catálogo disponível ao maior número possível de canais, dando mais liberdade de escolha ao leitor”, disse o editor-chefe da Companhia das Letras, Luís Schwarcz, em um comunicado. “O acordo com a Amazon e as nossas conversações com outros agentes internacionais representam mais um passo nessa direção.”
Para o número crescente de falantes da Língua Portuguesa nos Estados Unidos da América, a possibilidade de acesso aos livros digitais é uma boa notícia, levando-se em conta o custo elevado e a escassez dos livros convencionais em português.
A literatura brasileira também está a tornar-se cada vez mais disponível na tradução. Com uma nova edição da revista literária Granta, lançada em novembro, intitulada O Melhor dos Jovens Romancistas do Brasil (a edição de número 121), leitores de todo o mundo podem absorver textos da vanguarda da literatura brasileira.
“Compramos roupas do Brasil, admiramos o seu futebol, dançamos as suas batidas, mas a ‘vida de sonhos’ do país –algo que a ficção contemporânea cria de uma maneira única e vital– permanece em grande parte invisível para nós, simplesmente porque falta tradução”, explicou o editor-chefe da Granta, John Freeman. “Tenho esperança de que esta edição possa mudar isso um pouco e apresentar os escritores que estarão conosco por décadas.”
O lançamento internacional d’O Melhor dos Jovens Romancistas do Brasil e a disponibilidade de livros digitais brasileiros no estrangeiro são parte de uma investida geral para partilhar a cultura do Brasil com o resto do mundo.
* Tradução de Ronaldo Santos Soares.
** BIVONA, Kristal. Brazilian Literature goes global.
Da revista Language Magazine (Califórnia, EUA).
Extraído do sítio Ventos da Lusofonia
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