Tú nunca entenderás lo que te quiero
porque duermes en mí y estás dormido.
Yo te oculto llorando, perseguido
por una voz de penetrante acero.
Norma que agita igual carne y lucero
traspasa ya mi pecho dolorido
y las turbias palabras han mordido
las alas de tu espíritu severo.
Grupo de gente salta en los jardines
esperando tu cuerpo y mi agonía
en caballos de luz y verdes crines.
Pero sigue durmiendo, vida mía.
¡Oye mi sangre rota en los violines!
¡Mira que nos acechan todavía!.
In Sonetos del Amor Oscuro, 1936.
O Amor Dorme no Peito do Poeta: Tu nunca entenderás quanto te quero / porque vives em mim, adormecido. / Por vozes de aço agudo perseguido, / dentro de mim, em pranto, eu te encarcero. // Norma que agita igual carne e luzeiro / traspassa já meu peito dolorido / e as túrbidas palavras têm mordido / as asas de teu ânimo severo. // Nos jardins gente aguarda entre boninas / teu corpo e minha angústia, a toda brida / em cavalos de luz e verdes crinas. // Continua a dormir, tu, minha vida. / Ouve meu sangue roto em notas finas! / Olha que nos espreitam sem medida! (Tradução de Afonso Félix de Sousa)
Extraído do Blog Sistema Poético
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