Há duas décadas, dona Tecla Ody chama a atenção dos vizinhos com sua decoração natalina.
Os vizinhos ficam o tempo de olho. É que senhora instalada no alto de uma escada, a enroscar pequenas lâmpadas nas plantas caídas do telhado, tem 74 anos. Mas é tanta disposição que nem de longe aparenta a idade. E além disso, julga ter experiência suficiente pra que ninguém se preocupe. Já se somam anos de natais bem iluminados.
Mamãe Noel de 74 anos transforma o jardim de casa, no bairro São João, em um espaço de magia |
"E eles que tirem o olho de mim, porque senão eu despenco mesmo", grita lá de cima, teimosa.
Os cabelos compridos e brancos caem no contraste da blusa e unhas vermelhas. E com essa suspeita combinação de cores fica mesmo difícil escapar do apelido que já se espalhou pela rua em que mora. Tem quase duas décadas que dona Tecla Ody vira a Mamãe Noel do bairro São João, em Porto Alegre.
Dispensa fantasias. Irreconhecível fica o quintal de casa. É uma novela que se repete todos os anos: novembro nem chegou e as plantas cuidadas como filhas conservam a beleza ao longo do dia. Mas em época de Natal, é à noite que ganham vida. E o brilho nem é próprio.
São mais de 40 mil lâmpadas espalhadas pelo pátio. Nem os espinhosos cactos escapam da luz que ofuscaria até os olhares do pessoal que se reúne no presépio — se não fossem de gesso. Iluminação que enche de vida aqueles formam filas para contemplar a decoração através do portão da casa.
O trabalho solitário deve estar concluído na próxima segunda-feira, dia 26 de novembro de 2012. Prevendo o sucesso que se repete cada vez que decora a morada com os enfeites adquiridos nos Estados Unidos, onde moram três dos seus cinco filhos, adiantou-se e foi a primeira a se inscrever na categoria "Casa " no concurso Brilha Porto Alegre. Além dos elogios já garantidos, nesse ano, a criativa senhora concorre a uma viagem a Paris com acompanhante.
Por mais de uma vez abriu a porta de casa e se deparou com as luzinhas boiando na água da chuva. A coleção de choques e tombos aos se enroscar em fios não é pequena. Os R$ 400 a mais piscando na conta de luz não desmotivam. E também não seriam os passarinhos que povoam o quintal de Tecla. E olha que não é pouco o que aprontam.
"Ele vêm aqui e dou banana para comerem. E quando vão, me levam até os pés de espuma da mamãe noel para fazer ninho. E o pior: eles vão ter os filhotes na casa dos vizinhos e não sobra nada pra mim" brinca.
Se nada desestimula Tecla é porque a tradição é antiga. Vem da avó, passou pela mãe e continuará presente na casa dos filhos. O que se perpetua pelas gerações é o desejo de despertar o espírito de Natal: o renascimento, o voltar à vida e refletir sobre ela.
Este recado os vizinhos já entenderam. E antes que a enérgica senhora empacote novamente cada arranjo para o próximo ano, eles mandam a resposta. Se miram de longe a escada em que sobe a Mamãe Noel é porque têm motivos de sobra para cuidá-la.
"Essa senhora é a luz da nossa rua", resume Elizabeth Thiessen, moradora da casa em frente.
Extraído do sítio Revista Pense Imóveis
Extraído do sítio Revista Pense Imóveis
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