Quem vive ou tem negócios nas pequenas e antigas casas da Travessa dos Venezianos, na Cidade Baixa, em Porto Alegre, reclama do Município. A sensação deles é de abandono, apesar de viverem e trabalharem em prédios tombados pelo Patrimônio Histórico e Cultural de Porto Alegre, em 1980. O prefeito José Fortunati reconhece: “A Travessa é um caso delicado”.
Ao lado uma das outras, as casas formam um conjunto que conta a história do início do século XX l Foto: Ramiro Furquim/Sul21 |
Carros sobre a calçada contribuem para a destruição do calçamento original l Foto: Ramiro Furquim/Sul21 |
Vera Regina acha que as casas deveriam ser ocupadas apenas por moradores ou por artistas plásticos, como Ana Henrique que mantém a Galeria Pop Up. “Gosto de Arte, das coisas maravilhosas que os artistas fazem”, entusiasma-se. A preferência dela é porque sabe que os artistas são aliados na luta pela preservação do local. Ana é outra que cobra da Prefeitura melhor iluminação e limpeza. “A Travessa anda muito largada”, constata. “São feitas obras de adequação aos novos usos, que mudam a estrutura da casa e até a fachada. Passo aqui de segunda a sábado, das 14h às 20h e nunca vi alguém fiscalizando, impedindo estas mexidas”, critica.
Portas e janelas abertas diretamente para a rua l Foto: Ramiro Furquim/Sul21 |
Fortunati também tem uma queixa. É contra os vândalos que picham prédios, destroem bancos de praças, quebram lâmpadas, roubam fios. A Prefeitura fez um cálculo para saber quanto custa repor o que foi destruído: “Sete milhões de reais por ano, sem contar as paradas de ônibus. Infelizmente, a depredação está muito presente”, lamenta-se o prefeito, lembrando que estes R$ 7 milhões poderiam ser investidos na Saúde, na ampliação das equipes de Saúde da Família, por exemplo.
Intervenções incorretas
A Travessa dos Venezianos aparece, pela primeira vez, no mapa da cidade em 1935 l Foto:Ramiro Furquim/Sul21 |
Rhoden diz que o que deve ser preservado é a autenticidade do imóvel, o que não exclui o seu “uso harmonioso”. Antes de mais nada, é preciso saber o motivo pelo qual houve o tombamento. No caso da Travessa dos Venezianos, se foi tombada pelo conjunto urbano, este conjunto tem de ser preservado e as casas, por exemplo, não poderiam ter sido pintadas em cores definidas pelos seus ocupantes, mas por aquelas que remetessem à aparência primitiva dos imóveis.
Como Vera Regina, o arquiteto desaprova o uso comercial das casas. “O uso residencial é compatível, mas o uso comercial descaracteriza o motivo do tombamento. Na Travessa, já se perdeu muita coisa e isto não volta mais. Acaba virando réplica”, alerta.
Ligação entre duas ruas
No final do século XIX, início do XX, quem levava o nome de Rua dos Venezianos era a atual Joaquim Nabuco, ligada à Rua Lopo Gonçalves por uma travessa. A conclusão é de que, inicialmente, ela tenha sido chamada de Travessa da Rua dos Venezianos, consolidando com o passar dos anos o nome Travessa dos Venezianos.
Travessa liga duas ruas na Cidade Baixa l Foto: Ramiro Furquim/Sul21 |
Ao tombá-la, o município considerou patrimônio histórico também o seu entorno: as casas de números 506 e 534 da Rua Lopo Gonçalves e as de números 381, 383 e 497 da Rua Joaquim Nabuco.
Endereço: Travessa dos Venezianos – Cidade Baixa, entre as rua Lopo Gonçalves e Joaquim Nabuco – Porto Alegre
Extraído do sítio Sul 21
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